Para lá da Serra de Campelos, LUSTOSA apoia-se nas amplas chãs da serra, alongando-se através do curso de pequenas e intrépidas ribeiras que descem até ao Vizela.
Em 1049, surge um testamento de Ansur Dias, que deixa ao Mosteiro de Cete alguns bens imóveis, entre os quais o casal de Carcavelos de Riba Sousela, que se situava no território entre o Sousa e o Sousela, no sopé do monte Calvelo.

Pela descrição de 1258, de "Sancti Jacobi de Lustosa", feita pelo pároco Domingos Eanes, e corroborada por testemunhas, constatamos que o padroado da igreja pertencia aos cavaleiros Ferrazes e herdadores, e a sua confirmação dependia do arcebispo de Braga.
A 2 de Junho de 1551 o arcebispo de Braga D. Baltazar, e Gaspar Nunes Barreto, concertaram que o padroado da Igreja ficasse para os sucessores deste, que eram os Barretos e Ferrazes do Porto.
Nas Memórias Paroquiais, a freguesia é enquadrada na província do Minho, Arcebispado de Braga, concelho de Aguiar de Sousa e termo da cidade
do Porto.
A freguesia de São Tiago de Lustosa, comarca de Penafiel pelo Decreto nº 13.917, de 9 de Julho de 1927, era abadia da apresentação dos Morgados de Freiriz, segundo Carvalho da Costa que, neste ponto, está em desacordo com a "Estatística Parochial de 1862 que diz ser da apresentação dos Soutos d'El-Rei, no antigo concelho de Aguiar de Sousa.
Pertenceu ao concelho de Barrosas, extinto pelos Decretos de 30 de Junho de 1852 e 30 de Dezembro de 1853, passando a fazer parte do concelh
o de Lousada por este último decreto.
Em 1839 aparece na comarca de Penafiel e no concelho de Aguiar de Sousa; em 1852, na comarca de Lousada e no concelho de Barrosas; em 1853, na comarca de Santo Tirso e no concelho de Paços de Ferreira e, em 1862, na comarca e concelho de Lousada.
Da diocese de Braga passou para a do Porto em 1882. Comarca eclesiástica de Amarante - 2º distrito (1907). Primeira vigararia de Felgueiras (1916); segunda vigararia de Lousada (1970)

 

 

 

 

 

Obra bastante cuidada, em cantaria de junta tomada, que data do século XVII, embora tenha sofrido diversos restauros.De um desses restauros dá-nos conta o autor de " O Minho Pitoresco", José Augusto Vieira. Esta obra, editada em 1887, diz-nos que o restauro será ocorrido " há poucos annos".
Mais recentemente, a
Capela de São Roque foi mudada do seu local inicial para junto do cemitério, partindo daí a alameda que atravessa o centro da freguesia.
O acesso à capela faz-se por uma pequena escadaria e um átrio quadrangular que precede o portal. O frontão é sobrepujado por uma cruz de pontas triboladas assente numa base de volutas estilizadas. O entablamento é rematado por pirâmides. Um pequeno orifício em cada um dos laçados laterais permite a entrada de luz no interior.
Possui um altar muito simples composto por uma mesa de altar em granito e três socos em pedra nas quais estão colocadas três imagens. Ao centro São Roque, o orago da capela, representando, como é tradição, com o cão. É estatuária Seiscentista de bastante valor.A Capela de São Roque é um monumento muito singelo, mas de boa qualidade, que possui alguma imaginária de qualidade.

 

 

 

Capela de São Gonçalo, no topo de um íngreme monte, de acesso muito difícil, é uma construção muito simples e de sabor popular, quer nos seus alçados, quer na elaboração do seu pequeno retábulo. 

 

 

 

O cemitério de Lustosa encerra algumas das mais belas obras de arquitectura funerária do Concelho. Destaque para os jazigos de pendor neo-gótico que alcançaram tanta difusão por finais de Oitocentos.

Ainda no âmbito da cultura funerária, refira-se as chãs onde se localizava um dos maiores conjuntos de mamoas do país, infelizmente quase todas desaparecidas devido à reflorestação efectuada nos anos noventa.

 

 

Na rubrica “Reviver Lousada”, publicada na edição de 15 março, foi referida a homenagem que Lustosa prestou a D. António Barbosa Leão, bispo do Porto, com a inauguração de um monumento erigido pela Junta de Freguesia. O momento foi solene e contou com a presença do bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que tinha regressado do exílio pouco tempo antes.

 

 

 

 


Procuramos com insistência conhecer melhor o que se passou nessa data. Conseguimos uma fotografia antiga, onde certamente estão os responsáveis pela construção do monumento.

Nessa foto, é possível verificar que, naquele local, existia apenas uma estrada de terra e não a alameda atual. Anexa ao átrio da igreja, existia uma quinta, agora parcialmente ocupada por um parque de estacionamento. Ainda é visível na fotografia o campo que integrava essa quinta.

 

 

 

 

Maria Luísa, de 87 anos, relembra a história que a sua mãe contava, segundo a qual o seu avô materno teve de beijar a mão ao homenageado, na altura padre da freguesia: “Foi ele que casou o meu avô. Este é o Padre Dr. Gaspar Leão. Chamávamos-lhe todos o senhor doutor. Foi ele que me batizou. É ele é. A Capela estava logo a seguir, depois mudaram-na para ali para cima”, conta, para surpresa daqueles que sempre acharam que a capela foi construída em frente ao cemitério.

Olhando para a fotografia, a octogenário recorda outros rostos: “Outra pessoa que ajudava o padre, o Manuel ‘do Barroco’, também está aqui. Este é o irmão do senhor Dr. Gaspar, o Manuelzinho”, reconhece.

 

 

Segundo o senhor Adelino, de 83 anos, foi o padre Adriano o mentor desta homenagem. “Foi há uns anitos. Lembra-me bem de o Manel andar a trabalhar e a picar aquilo tudo à pedra. Acho que esta homenagem foi obra dos Oliveiras. Era tudo em terra e tinha dois carvalhos. Atrás, onde está a capela, era a nossa ramada por aqui fora. A Fonte do Abade era aqui atrás. Nós fazíamos esta quinta, era a Quinta do Passal, a melhor quinta da freguesia”, conta.

Procuramos encontrar, sem sucesso, mais alguns testemunhos sobre esta homenagem. Dentro das muitas curiosidades, destacamos uma: foram várias as pessoas que referiram que a estátua de homenagem já não existia, mas, de facto, ela continua num dos locais mais centrais da freguesia. Todos passam por ela,muitos não a veem e poucos sabem a verdadeira razão de ela existir.